Filosofia

Uma fé razoável

Estátua de Anselmo da Cantuária

Antes de prosseguir na leitura no texto, vale ressaltar dois aspectos importantes:

1. A discussão entre a relação da fé com a razão é bastante rica e complexa. Suspeite se alguém disser que resolveu o assunto de forma simplista. A ideia do presente texto é apenas levantar alguns problemas sobre esta relação e traçar um possível caminho, sem deixar de considerar que, além do que propomos aqui, há um universo sobre o assunto que pode ser explorado;

2. Embora eu utilize aqui citações pontuais de alguns filósofos cristãos como Anselmo, Pascal e Kierkegaard, o pensamento deles divergem bastante tanto em relação ao tema proposto no presente estudo como de forma mais geral. A ideia da utilização dos três é apenas para se frisar alguns trechos de exemplificação os quais, em um estudo mais detalhado dos autores, deveria ser estudado em sua especificidade.


A discussão fé e razão não é nova e, muito menos, simples. As complexidades que começam com definições diferentes de cada um destes conceitos e chegam até as diversas formas de interação entre os dois termos, já nos sugerem que não é em um pequeno estudo sobre este assunto que fará com que o mesmo passe perto de ser resolvido.

Apesar disso, o fato de não ser conclusivo não nos impede, mesmo que ainda engatinhando, a dar início ao debate. Destarte, para uma pequena reflexão, gostaria de levantar alguns dos principais problemas entre ambos e chegar em uma possível alternativa.

O primeiro passo, antes de prosseguir, é assentar o que é fé e razão, ao menos na discussão aqui proposta. Definir os termos evita, ao menos em partes, uma interpretação equívoca do leitor. Obviamente tais definições dificilmente podem ser consideradas unânimes. Diferentes autores traria cada um dos conceitos abaixo de formas diferente. Mas é preciso generalizar para que a conversa siga adiante.

Definindo o que queremos dizer ao mencionarmos “razão” e “fé”, partiremos para alguns problemas levantados do relacionamento entre os dois. Após isso ser feito, vamos trazer uma possível solução destes problemas e, para finalizar, caminharemos à conclusão.

Assim, sigamos para a primeira parte da exposição.

O que é razão?

Desde muito a razão é considerada aquilo que separa os homens dos animais. É uma faculdade própria do ser humano que possibilita a investigação deste acerca do mundo que o cerca.

A razão está, em geral, ligada à uma argumentação e/ou demonstração de algo, feita principalmente na forma de um discurso. Junto a isso, de acordo com Abbagnano (2012, p. 970), “a Razão é a força que liberta dos preconceitos, do mito, das opiniões enraizadas mas falsas e das aparências, permitindo estabelecer um princípio universal e comum para a conduta do homem em todos os campos.” Ou seja, a razão permite o homem a ir além de meras crenças para que o mesmo, de forma universal, encontre os princípios da realidade. O autor ainda continua: “por outro lado, [a razão atua] como orientador tipicamente humano, a Razão é a força que possibilita a libertação dos apetites que o homem tem em comum com os animais, submetendo-os a controle e mantendo-os na justa medida.” 

Temos a Razão então, de um lado, como uma força investigadora, no sentido positivo, e , por outro lado, como algo que possibilita ao ser humano o controle dos instintos, tornando-nos diferentes daqueles que vivem apenas por meros apetites.

Para Agostinho em de Ordine (De Ord. II, 30. cf Abbagnano) “A Razão é o movimento da mente que pode distinguir e correlacionar tudo o que se aprende”. Ela é, para o bispo de Hipona, uma força criadora do mundo humano, inventando a linguagem, escrita, cálculo, artes e ciência.

Mario Porta, em A filosofia a partir de seus problemas, traz alguns aspectos da racionalidade humana. Segundo o professor de filosofia, a mesma é: discursiva; esclarecedora; intersubjetiva e reflexiva (p. 44-45).

Razão, assim, aqui será definida como a faculdade pertencente ao ser humano que o possibilita investigar sua conduta e o mundo em que vive, procurando, por meio de um discurso intersubjetivo, reflexivo e esclarecedor, demonstrar aquilo que se pretende, de modo a fugir de falsas opiniões em busca de um princípio universal e comum.

Definindo brevemente a razão nos termos acima, vamos ao próximo passo. 

O que seria fé?

De acordo com Abbagnano (2012, p. 501), a fé se distingue, por exemplo, de crença. Enquanto esta última é um compromisso com uma noção, qualquer que esta noção seja, a fé é “[…] o compromisso com uma noção que se considera revelada ou testemunhada pela divindade.” 

Aqui já podemos começar a ver onde a fé pode se diferenciar da razão. Se a razão é válida por sua construção interna, por sua demonstrabilidade e investigação, a fé parte de um compromisso de uma revelação de algo divino independente do uso da razão.

Para ilustrar, temos aquela famosa frase que o autor de Hebreus utiliza.

[..] A fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos.

Hebreus 11:1

O que fundamenta essa certeza é a confiança no Deus que a revela. 

Tomemos, portanto, fé como um compromisso nosso mediante o que foi revelado por Deus.

Onde está o problema?

A grande questão é: é possível conciliar fé e razão? Se sim, até que ponto?

Veja, a fé é uma confiança naquilo que provém de Deus enquanto que a razão é o uso de uma faculdade para buscar, por si mesma, a compreensão do mundo. 

Essa constatação leva algumas pessoas à conclusão de que razão e fé são, em alguma medida excludente. Ora, uma dessas pessoas dirá à um crente: “aquilo que você acredita e vive não foi formulado a partir uma análise racional intersubjetiva. Pelo contrário, aquilo que você defende provém unicamente da fé, uma questão meramente subjetiva, e, por conta disso, não tem um valor de conhecimento científico.”

Por outro lado, outros podem afirmar que: “a partir do momento que você utiliza da razão, isso demonstrar uma fraqueza na sua fé. A fé não precisa de Razão. Pelo contrário, a Razão tem limitações que a fé ultrapassa.”

Essas duas formas de pensar, levadas à posições mais extremistas, podemos nos levar  ao racionalismo ou ao fideísmo.

Em primeiro lugar, vamos entender pontos básicos do racionalismo.

Para um racionalista, todo conhecimento verdadeiro tem seu fundamento último na razão. Isso porque, para algo ser considerado de fato um conhecimento (no sentido científico, de conhecimento forte), deve ser necessário e universal e somente a razão pode alcançar tal nível de certeza. A experiência não chega nesse nível, por ser enganosa ou contingente. O máximo que ela traz é um conhecimento que pode ser generalizado.

Este é o motivo de, principalmente na idade moderna, os saberes matemáticos serem aplicados à explicação da Natureza. Sua força e exatidão ultrapassam, ao menos deveria ultrapassar, qualquer questão meramente subjetiva ou de fato.

De forma resumida, podemos utilizar a definição de racionalista elaborada por Hessen (2012, p. 49): “os juízos baseados no pensamento, provindos da razão, possuem necessidade lógica e validade universal; os outros não. Assim, prossegue o racionalista, todo conhecimento genuíno depende do pensamento.”

Aqui temos uma quebra. A razão não é apenas uma faculdade de investigação em busca de conhecimento. Ela é a única que pode trazer um conhecimento verdadeiro.

Ou seja, é uma visão exclusivista da razão em que só posso acreditar que algo é verdadeiro se racionalmente aquilo for comprovado. Como consequência, obviamente a fé é deixada de lado. Isso não significa que um racionalista não pode ter fé mas que, caso tenha, a mesma será subjugada pela sua Razão.

Por outro lado, temos o fideísmo.

O fideísmo vai para o outro oposto. Se o racionalismo nega qualquer conhecimento que não venha por meio da razão, o fideísmo “[…] é caracterizado pela negação – ou talvez pela tentativa de negação –  de qualquer evidência, fundamento ou argumento racional que possa servir de garantia ou aval para o conhecimento de Deus.” (MADUREIRA, 2017, p. 25). Ainda “[o fideísmo defende que] a fé é suficiente para garantir ou avalizar o conhecimento de Deus. Em suma, deixa-se de lado a razão e prioriza-se a fé.” (p. 26, ibid)

É interessante perceber que é nestes termos que Kierkegaard parece, por exemplo, criticar uma tentativa de provar à Deus, ignorando que a confiança nEle se vêm por fé. É a ideia de que eu posso crer se, e apenas se, for possível racionalizar a crença. Neste sentido, parece que a fé não estaria na revelação divina, mas na própria racionalidade humana, mostrando-se assim uma falta de fé em Deus.

Ou seja, para um fideísta a fé é suficiente de modo que não são necessárias explicações racionais. O ponto é que, embora a fé seja sem dúvida uma característica básica para qualquer religião, não é possível desprezar totalmente o uso da razão. Podemos ver a mesma, por exemplo, na formulação dos credos, na tentativa de entender melhor aquilo que Deus criou, na determinação de quais doutrinas são verdadeiras ou não e até mesmo na demonstração racional da validade do cristianismo.

O próprio Kierkegaard, apesar de ser colocado muitas vezes como fideísta, racionaliza a crença em Deus como a única forma de se escapar do desespero, por exemplo, ou na defesa da humanidade e divindade de Cristo. 

Assim, ao explicarmos nossa fé para alguém, defender o cristianismo diante de oposições, ao tentar entender o problema do mal, ao refletirmos sobre aquilo que cremos e suas bases, entre outros exemplos, estamos de algum modo racionalizando o cristianismo e não apenas fechando os olhos e aceitando de forma cega.

Quando tendemos para qualquer um destes lados, o diálogo parece se tornar, se não inconciliável, ao menos difícil.

A partir disso, podemos buscar uma solução para este problema

Proposta de uma solução: Crer para entender

Existe uma possibilidade de conciliar fé e razão sem que uma ou outra perca sua importância. Nela, não se usa da razão para chegar à fé, ou seja, uma crença pessoal em Deus não é refém de argumentos racionais. Mas, pelo contrário, partindo da fé eu consigo utilizar a razão de modo a entender tanto a minha própria fé quanto o mundo ao redor.

Muitos filósofos cristãos partem, cada um de seu modo, da famosa frase que ficou famosa por meio de Anselmo de Cantuária: Credo ut intelligam – Creio para entender.

Para entendermos melhor o contexto e o significado da frase, vamos ao próprio Anselmo:

“Não tento, Senhor, penetrar tua profundidade, pois a ela de modo algum pode comparar-se minha inteligência; mas desejo, na medida de minhas forças, compreender tua verdade, em que crê e que ama meu coração. Pois não busco entender para crer, mas creio para entender. Creio, com efeito, pois, se não crer, não entender.” (2016, p. 45)

Perceba que Anselmo não elimina a busca de compreensão. Mas essa busca começa pela fé. Ou seja, a razão tem seu papel, mas não como guia único de conhecimento do homem. Por outro lado, a fé, embora seja central, não é a única coisa que pode guiar o crente. Ele, a partir da fé, pode buscar entender aquilo que já crê.

Aliás, é exatamente o fato da crença de existir um Deus que criou o mundo que a razão ganha um maior sentido.

Se formos cartesianos, por exemplo, podemos entender que o que possibilita nossa confiança de que podemos conhecer algo do mundo exterior depende previamente de que exista um Deus que ordene o mundo tanto moralmente quanto ontologicamente para que a minha busca não seja vã.

Talvez não precisemos ir tão longe como Descartes, mas é um fato que a existência do Deus bíblico que cria as coisas é, sem dúvidas, uma força maior para podermos confiar, ainda que de forma limitada, que a razão tem seu valor, já que ela não é simplesmente obra do acaso ou, de forma reducionista, um reflexo de interações de neurônios que dão testemunho de si mesmo e nos deixam presos, sem ter confiança algum de que há uma verdade e, portanto, um conhecimento a se alcançar.

Junto à isso, precisamos somar um outro ponto: Da perspectiva bíblica, a fé é um dom. (Ef 2:8). 

Isso significa que, por mais que uma pessoa tente, pela Razão unicamente ela nunca se chegará ao Deus bíblico e em sua Revelação. No máximo, pode chegar à noção de que o Universo criado precisa de uma explicação outra que simplesmente o materialismo.

Mas a fé dada por Deus é um pressuposto tanto para conhecê-lo verdadeiramente quanto para conseguir pensar racionalmente o mundo a partir dessa fé. 

Portanto, além de um pensar com assentimento que pode partir do homem, precisamos também da ajuda divina, da graça de Deus, este dom da fé que possibilita o ser humano a pensar da maneira correta.

Podemos ver esta ideia no próprio Anselmo, quando o arcebispo de Cantuária diz, em oração a Deus:

“Ensina-me a buscar-te, mostra-te a quem te busca, porque não posso buscar-te se não me ensinas o caminho.”

(2016, p.45)

Sem a graça, sem este presente, até mesmo a própria Razão pode enganar o ser humano.

Assim, podemos perceber a fé tem duas característica: Uma é este dom de Deus, a fé como algo dado pela divindade e, além disso, a fé também é um como um pensar com assentimento, como vimos no início deste tópico.

Me parece que a idéia escolástica de crer para pensar, apesar de suas variações, seja uma das melhores saídas para a relação de fé e razão.

Um ponto importante é que, em sua maioria, os autores cristão não demonizam a razão. Até porque ela é um presente de Deus para os homens e mulheres. Por outro lado, ela é colocada em seu devido lugar. A razão é importante, mas ela pode não alcançar todas as áreas da vida humana. Temos alguns exemplos bíblicos que vão além do que a Razão alcança plenamente, como a Trindade, a encarnação de Cristo, a soberania divina e responsabilidade humana, entre outros. Embora possamos tentar explica-los e justificá-los, não podemos negar que existe uma fé por detrás que avaliza este pensamento. 

Sobre isso, Pascal lembra que é até mesmo racional reconhecer os limites da Razão. O filósofo francês entende que, por mais paradoxal que possa parecer, é exatamente o contrário, ou seja, não reconhecer os limites da razão, que demonstra uma razão fraca.

“O último passo da razão é reconhecer que há uma infinidade de coisas que a ultrapassam. Ela é apenas fraca se não vai até reconhecer isso.”

(PASCAL, 2005, p. 74).

Essa ideia parece ser sustentada também por Kierkegaard, embora em contexto bastante diferente, parece ser senso comum entender que existem pontos da fé que vão além da Razão. Vemos no filósofo dinamarquês às seguintes palavras:

“O absurdo não pertence às distinções compreendidas no quadro próprio da razão. Não se poder identificar com o inverossímil, o inesperado, o imprevisto. No momento em que o cavaleiro se resigna, convence-se segundo o humano alcance, da impossibilidade. Tal é o resultado do exame racional que tem a energia de fazer. Porém, pelo contrário, do ponto de vista do infinito, subsiste a possibilidade no seio da resignação mas esta posse é, também, uma renúncia, sem ser entretanto por isso um absurdo para a razão, visto que esta conserva o direito de sustentar que, no mundo finito onde ela é soberana, a coisa é e continua a ser uma impossibilidade.” (1797, p. 136 – Temor e Tremor – grifos meus)

Kierkegaard parece defender que a Razão tem seu valor. Mas existem coisas que vão além da mesma e isso, em uma linha parecida com Pascal, não é um absurdo racional. Pelo contrário, alguns paradoxos que o dinamarquês irá trabalhar em sua obra só são aceitos por meio não só da resignação, pois neste caso seria apenas um aspecto ético de resignar para cumprir algo que deve ser cumprido, mas uma resignação em conjunto da fé. É interessante ver que a própria necessidade de se ter fé, em todos grandes filósofos cristãos, vem em conjunto de uma explicação racional para isso.

Esse reconhecimento dos limites não torna a fé cristã irracional, ao menos no sentido pejorativo, mas aceita que alguns artigos de fé, embora não sejam reprováveis logicamente, são irracionais por não serem alcançados pela Razão, mas pela confiança na Revelação divina. Como dizia Pascal:

“Se submetermos tudo à razão, a nossa religião não terá nada de misterioso e de sobrenatural. Se violentarmos os princípios da razão, a nossa religião será absurda e ridícula.” (2005, p. 71)

Ainda assim, podemos ver a razão utilizada inclusive na teologia, quando buscamos entender trechos complexos, como o fato de a Bíblia usar em um momento “Deus se arrependeu” (Ex: Gn 6:6) e em outro que “Deus não se arrepende” (Ex: Nm 23:19). Ela pode não ser exaustiva nestes pontos ou dar a cartada final, mas nem por isso deixa de ser usada.

A razão também é utilizada na busca de uma compreensão correta de quem Deus é e quais as doutrinas erradas, levando o cristão evitar cair em erros de opiniões infundadas ou mal formuladas.

Conclusão

Este é um assunto extremamente complexo e não vai ser aqui que ela vai ser finalizado. Existem várias interpretações e variáveis que, obviamente, não foram levadas em conta.

Raciocinando biblicamente, é inegável que o destaque é maior dado à fé do que a Razão. Isso, sem dúvidas, tem muitos motivos, inclusive o próprio fato da fé bíblica envolver não só um acreditar intelectualmente que Deus existe; mas também um descanso por parte do homem em seu criador.

O texto de Hebreus 11, que já foi citado anteriormente e trabalha exaustivamente sobre a fé, começa seus três primeiros versículos dizendo o seguinte:

Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos. Pois foi por meio dela que os antigos receberam bom testemunho. Pela fé entendemos que o universo foi formado pela palavra de Deus, de modo que aquilo que se vê não foi feito do que é visível.

Por outro lado, não podemos negar, por exemplo, a argumentação racional que Paulo faz em Romanos, para demonstrar toda sua argumentação. Embora ela parta da fé, o apóstolo não deixa de instruir os cristãos de Roma de forma a rebater falsos ensinos e demonstrar passo a passo sobre os aspectos e o alcance da redenção humana.

Portanto, não precisamos nos preocupar como se fosse algo absurdo partir da fé. Grandes homens da história fizeram isso e produziram muito em todas as áreas do saber humano. Além disso, hoje é extremamente debatível analisar a Razão por si só, como se fatores subjetivos, em alguma medida, não influenciassem no pensamento do ser humano. Olhar o mundo como se você estivesse de fora, sem ser influenciado pelo mesmo, é no minimo esquisito. A Razão é uma benção, mas sempre devemos olhar o ser humano como um todo, não apenas como um ser racional. Mas também um ser que sente, que interpreta e que vive em uma determinada circunstância que pode afetar sua forma de ver o mundo.

Por fim, se Deus nos deu a Razão, obviamente ela pode e deve ser utilizada. Mas ela não pode tirar o papel extremamente da fé na vida de um cristão. Afinal, é por meio dela que somos salvos, não por um raciocínio extremamente bem elaborado. Não precisamos ficar inseguros diante de uma recepção não cristã que, supostamente, é neutra de crenças e se utiliza apenas da razão. Pelo contrário, se formos chamados, mesmo que erroneamente, de contrários à Razão, lembremos das palavras de Paulo:

Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus.

Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, E aniquilarei a inteligência dos inteligentes.

Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?

Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.

Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria;

Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos.

Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus.

Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.

1 Coríntios 1:18-25

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO.

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 6 ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2012.

ANSELMO. Proslógio. Porto Alegra: Editora Concreta, 2016.

HESSEN, Johannes. Teoria do conhecimento. 4 ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2012.

KIERKEGAARD, Søren. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979

MADUREIRA, Jonas. Inteligência humilhada. São Paulo: Editora Vida Nova, 2017.

PASCAL, Blaise. Pensamentos. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2005.

Rodrigo Galente
Formado em Administração pelo Mackenzie, Master in Divinity pelo Seminário Teológico Servo de Cristo e bacharel em filosofia pela Faculdade de São Bento. Presbítero da Igreja Batista da Palavra.

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