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A ciência pode responder as perguntas fundamentais da vida?

– A ciência acabou fornecendo respostas para quase todas as perguntas que o homem pode fazer. Restam apenas algumas poucas, que são as esotéricas. De onde viemos? O que estamos fazendo aqui? Qual o sentido da vida e do universo?
Langdon era só perplexidade.
– E são essas as perguntas que o CERN [Organização Européia para Pesquisa Nuclear] está tentando responder?
– Corrigindo: são as perguntas que estamos respondendo.

Maximilian Kohler, em “Anjos e Demônios” de Dan Brown (Editora Sextante)

A ciência pode responder as perguntas fundamentais da vida? O personagem Maximilian Kohler promete que sim. Contudo, uma inspeção mais cuidadosa da cultura e dos métodos da ciência expõe certas limitações. As ciências naturais estudam matéria, energia, forças e interações no tempo e espaço. Na Biologia, a ciência estuda as complexidades das coisas vivas, mas ainda se foca em entendê-las dentro do enquadramento das forças, da matéria e da energia no fim das contas..

Materialismo

Explicações nesse nível nunca conseguem progredir além da sua decisão inicial de focar-se apenas em um nível de estrutura dentro do nosso mundo. Para uma progressão detalhada e melhor compreensão em um nível  – o físico-material – o foco é restringido a tal nível. Isso deixa de fora a consciência, a personalidade humana, o certo e errado moral, a beleza e a adoração.

Materialistas estritos acreditam que a matéria e o movimento são tudo que há e que pode haver. Mas isso é, na verdade, um postulado filosófico, não o produto inevitável do raciocínio científico. Se a ciência deliberadamente se restringe a dimensão material, então suas conclusões irão, necessariamente, falar sobre a dimensão material. Tais conclusões podem ser impressionantes e lúcidas, mas é uma falácia pensar que estabelecem que o que é material é tudo que existe. Essa falácia ignora a escolha humana de se tomar uma ótica restrita no princípio.

Os que acreditam no materialismo podem, mesmo assim, ser devotos a sua filosofia. Por causa da confusão sobre onde as premissas materialistas entram de forma clandestina, parece a muitas pessoas que o materialismo ganha prestígio dos triunfos e idéias da ciência. Além disso, o materialismo pode ser satisfatório, de algum modo, porque ele dá respostas para grandes perguntas ou, ao menos, diz que certos tipos de perguntas não podem ser respondidas. De acordo com o materialismo nós mesmos somos o subproduto da combinação casual entre matéria e movimento. Nós viemos à existência por acaso e nosso destino para o futuro é uma questão de acaso.

Então qual é o sentido da vida? A maioria das pessoas quer uma resposta que tenha a ver com propósito ou significado pessoal. O materialismo afirma que não há tal resposta, mas que todo o propósito se reduz em átomos e movimento. É uma filosofia sombria. Ninguém pode viver consistentemente nesse nível, porque nós ansiamos por sentido, amor e beleza.

Paradoxalmente, a beleza surge na própria estrutura das leis científicas, bem como no mundo controlado por tais leis. E os próprios materialistas não tem explicação para as leis. Por que existe algo invés existir nada? E, até mesmo, por que existem leis? De fato as leis refletem o caráter de um Deus infinito. Nós, como seres humanos, estamos fugindo de Deus. Então é espiritualmente “conveniente” esquecer as leis e afirmar que a matéria e o movimento exaurem a realidade: nos tira do anzol da confrontação da nossa responsabilidade para com Deus.

Vern Poythress
Rev. Dr. Vern Poythress é professor de Novo Testamento e Interpretação Bíblica no Westminster Theological Seminary, onde tem ensinado pelas últimas quatro décadas. Anteriormente serviu como editor do Westminster Theological Journal. Com uma ampla gama de interesses, escreve com profundidade teológica sobre diversas áreas como linguística, matemática, ciência e sociologia.

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